mabelle e a noite

Primeira Parte: A Queda

VIII - A Noite




A noite nunca pareceu tão escura e opressora como aquela, sustentando um silêncio tão profundo que chegava a ser ensurdecedor. Não havia o som dos grilos ou de animais noturnos; o sussurrar das folhas nas copas das árvores, a água correndo no rio. Até as estrelas haviam se silenciado aos ouvidos de Mabelle. Era apenas a noite e o silêncio.

Em meio à escuridão e desolação, os olhos azuis da menina Mabelle brilhavam oscilantes. Olhos abertos e gigantes, assustados encarando o tudo e o nada na imensidão negra do campo.

Mabelle resistia. Seus dedos agarravam-se com força às costas da Esperança, recusando-se a soltar, embora começassem a perder o tato e sua pele a esfriar. Sua respiração entrecortada era o único som.

Mas ela não iria soltar.

Não podia soltar.

Repetia a si mesma que deveria esperar um pouco mais. Alguém apareceria e a resgataria de lá. Arrancaria a solidão de seu peito e a escuridão de seus olhos. Se esperasse, apenas esperasse...

... só mais um pouquinho.

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